Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas
nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Clarice Lispector








31 outubro, 2012

Parte Minha



Você é parte minha! Minha acústica
Minha parte silenciosa no teu ser.
Curva curta e brusca, um pouco rústica.
Enquanto te rebusco ao bel prazer..

Você é parte minha sem fronteira.
Uma parte abstrata do teu retrato.
Reta confusa! Parte lúcida sem eira.
Amplexo mudo  de um pequeno trato.

Você é parte minha  assim
Parte luso que me foge ao mar.
Reflexo do seu interior fora de mim
Fuso desfocado levado pelo teu olhar

Você é parte única e minha
A  parte calada de uma voz bem distante.
Vida contida pelo espaço da linha.
Senhor destes versos, o que faço neste instante.

Você é parte minha metade de amor.
Parte de saudade com beijos imaginários.
Lábios doces e belos  sufocados pela dor.
A parte toda que me toca ao contrário.

Soraia Santiago

13 outubro, 2012


                               CAMINHOS DESENCONTRADOS


           Eu caminho pelo mundo procurando notícias.
           As pessoas caminham solitárias numa multidão.
          Meus amigos estão soltos por ai! Sem malícia.
          E eu? Eu navego por entre olhares! Afasto a solidão.

          Onde exatamente deixei você? Por que ainda estou sozinha.
          O destino quer me lembrar algo que não sei decifrar.
          Olho o espelho! Vejo uma luz de fundo! Uma andorinha.
          Meu deserto há flores! Eu cultivo as rosas só para te lembrar.

          Não sei o que fazer para o céu mudar de cor assim.
          Infinitamente eu fujo dessa noite, deixo a vida rolar.
          Não quero lembrar-me de versos tristes! Nem do querubim.
          Meus minutos estão por um fio! Rolo meus sonhos para o mar.
  
          Saio por ai, dirigindo o vento para seu rosto afagar.
         Vai coração! Vai ligeiro te encontrar! Gruda na lua.
         Persigo teus horários! Sou seu oposto! Sou o levitar.
         Uso a cadência dos meus passos! Quero ser sempre sua.

          Reaproveito tuas palavras! Faço-lhe um anexo arriscado.
          Persigo alguns versos para entoar canções surreais.
         Aborreci! Desculpe! Você me ignora! Sinto-me enquadrada.
         Perdi o freio! Perdi sua direção! A saudade é tão normal.

        Nada está no meu lugar! Escrevo no seu livro! Estou de passagem
        Rabiscos versos! Faço a mão! A caneta desliza! Meu corpo delira.
        Estou ao meio! Procuro a ponta e puxo a corda! Vejo miragem.
        Pego o trem! Qual sua estação! O que precisa? Tento ser concisa.

                                                        Soraia